Quarta-feira, 24 de Julho de 2019

TU CÁ TU LÁ: Cláudia Esteves ajudou Timor-Leste a renascer das cinzas

TU CÁ TU LÁ: Cláudia Esteves ajudou Timor-Leste a renascer das cinzas

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TU CÁ TU LÁ: Cláudia Esteves ajudou Timor-Leste a renascer das cinzas

Foi o desemprego e “uma enorme vontade de ter experiências diferentes, de descobrir outras culturas e de ajudar” que a […]

Foi o desemprego e “uma enorme vontade de ter experiências diferentes, de descobrir outras culturas e de ajudar” que a fez sair de Portugal. Cláudia Esteves, de Mala (Casal Comba), tinha 26 anos quando partiu para Timor-Leste, um país “que acabava de se tornar independente e que precisava de muitos braços para ajudar na sua construção”. Em 2002, a antiga colónia portuguesa “renascia das cinzas”: “estava tudo por fazer”.

Cláudia Esteves, hoje com 43 anos, é professora de Português e Francês. Concluiu a licenciatura na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Deu as primeiras aulas na Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos de Pampilhosa do Botão. A “aventura” além-fronteiras, que começou em 2002 e se prolongou até 2015, foi-lhe concedida pelo Instituto Camões – Ministério dos Negócios Estrangeiros: “dei aulas no ensino secundário e formação a professores timorenses”.

Nos primeiros anos, Cláudia viveu numa “casa na montanha, sem acesso a água canalizada, telefone e eletricidade, mas com um calor humano incrível”. Segundo a professora malai (estrangeira, em tétum), mais do que bens materiais, “as pessoas precisavam de atenção, de carinho, de aprender a seguir em frente”. O que deu recebeu em dobro “diariamente”: “senti que estava a fazer a diferença na vida daquelas pessoas”. Esta foi “uma experiência incrível” que marcou “para sempre” a vida de Cláudia Esteves.

Em Timor, Cláudia não se limitou às tarefas que lhe tinham sido dadas pelo Instituto Camões. Criou a Organização Não Governamental (ONG) Diaktimor, cujo nome se traduz por “Timor é bom”. A ONG nasceu em 2007, atuando na educação e no artesanato. Ao abrigo da Diaktimor, no distrito de Liquiçá, Cláudia criou a pré-escola Fatin ba Labarik Maubara e desenvolveu projetos de artesanato com mulheres: “enquanto as crianças estão na escola, as mães trabalham a partir de conhecimentos tradicionais”. A Diaktimor é também responsável pelo projeto Teki, “que consiste em convidar escritores portugueses a escrever livros 100% orientados para as crianças timorenses”. São obras bilingues, em português e em tétum, as duas línguas oficiais do país. Isabel Alçada e Ana Maria Magalhães assinam a história de um dos livros: “Teki vai à escola / Teki ba Eskola”.

“Existem chineses viciados em leitão da Bairrada”

Em 2015, Cláudia Esteves, que se assume “asiática de coração”, abraçou outro “desafio”, mantendo, no entanto, a ligação à ONG Diaktimor: “vim morar para Xangai (China), acompanhando o meu marido, que conheci em Timor. Adoro viver em culturas diferentes, adoro aprender a língua local e absorver o máximo que consiga de tudo o que me rodeia. São experiências que nos enriquecem e que fazem de nós, inevitavelmente, pessoas diferentes. Descobrimos que o mundo é gigante e que existe muito mais para além do nosso umbigo”. A professora estuda mandarim para, no futuro, ensinar a língua em Portugal.

A China – conta Cláudia – “é um país imenso, em constante mudança”, onde “tudo acontece”. Xangai é “uma cidade impressionante, gigantesca, onde todos os dias a novidade impera”. Entre Portugal e a China, as diferenças são mais que muitas. Uma delas, confessa, “é que aqui a lei é para cumprir, gostemos ou não gostemos. Só assim podemos entender como um país que tem cerca de 1,400 biliões de habitantes funciona na perfeição”.

Duas vezes por ano, Cláudia Esteves faz questão de regressar a casa, em Mala, para matar saudades: “é muito difícil lidar com a distância, com o passar do tempo, com a perda de momentos importantes. ‘Viver no mundo’ tem o reverso da medalha: a separação dos nossos”. Além-fronteiras, a “expatriada” avalia “com outros olhos” o seu país, que “valoriza” e “enaltece”: “é habitual falar das coisas boas que Portugal tem, como as praias, o clima, a gastronomia, a gente afável, etc.”. Na China, Cláudia publicita também o concelho da Mealhada: “posso dizer que já existem chineses viciados em leitão da Bairrada”.

Mealhada

Autor: Jornal Frontal

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