Percursos de vida são partilhados nas Jornadas da Inclusão em Cantanhede
No âmbito das comemorações do 45º aniversário do 25 de abril a Câmara Municipal de Cantanhede criou as “Jornadas da […]
No âmbito das comemorações do 45º aniversário do 25 de abril a Câmara Municipal de Cantanhede criou as “Jornadas da Inclusão”. O auditório da Biblioteca Municipal de Cantanhede acolheu, no passado dia 30 de abril, uma das conferências previstas na programação das referidas jornadas, esta de ordem motivacional, onde foram dados alguns testemunhos sobre “Percursos de Vida”.
Helena Teodósio, presidente da Câmara Municipal de Cantanhede, marcou presença neste evento e fez parte da mesa onde tiveram assento os intervenientes desta sessão, todos eles portadores de deficiência, nomeadamente: Luís Pinto, Lurdes Breda, Rui Pedro Gaspar e, em representação de Tiago Miranda, o “Tiagolas”, o pai, Manuel Miranda.
A autarca, na ocasião, aproveitou para enaltecer os oradores pelo seu “exemplo de superação e pelos percursos de vida, pessoal e profissional, sem nunca se terem deixado vencer pela adversidade e ultrapassando os obstáculos com coragem e grande resiliência”. Helena Teodósio sublinhou ainda “a importância dos seus testemunhos para desmistificar certos conceitos ultrapassados relativamente ao modo de lidar com os cidadãos portadores de deficiência”, tendo também enfatizado “a necessidade de as entidades públicas cuidarem de criar condições mais inclusivas para quem sofre de algum tipo de limitação”.
Helena Teodósio defende que as entidades públicas devem “criar condições mais inclusivas”
Com o objetivo de “refletir sobre os desafios inerentes a esta questão e para perspetivar a melhor forma de lhes dar resposta, surgem as “Jornadas da Inclusão”, tal como afirma a edil, abrindo as hostes para os oradores da sessão.
Manuel Miranda, pai de “Tiagolas”, foi o primeiro a tomar a palavra. O filho do orador é portador de deficiência mental e cognitiva que atinge os 96%, tendo sido o mote para Manuel Miranda, professor aposentado de 78 anos, escrever três livros cuja temática central é a deficiência: “Tiagolas e outras histórias”, “Autonomia para a inclusão: a importância da educação” e “Fisgadas pela Inclusão”.
Seguiu-se Rui Pedro Gaspar, nascido em 1987 e residente em Cadima. O segundo orador é o segundo filho de uma família de cinco pessoas e “desde muito cedo venceu a sua primeira batalha, tendo vitoriosamente saído do hospital onde teve de ser internado logo à nascença por ser portador de espinha bífida e hidrocefalia”, afirma a edilidade em nota de imprensa. A história de superação deste homem prossegue: “aos 10 anos de idade deixou de usar um andarilho e passou a andar com canadianas, depois de vencer o medo de as usar. Depois de ter concluído o ensino secundário, ingressou no Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra, no Curso de Gestão de Empresa, tendo mudado, no ano seguinte, para a Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, onde concluiu a licenciatura em Gestão, em 2016. Nesse mesmo ano ingressou na Pós-Graduação em Marketing, que terminou em 2018. Atualmente, está no início de uma nova aventura, tendo-se mudado para Lisboa, para iniciar uma formação em contexto de trabalho no BNP Paribas, Banco de Investimento Francês”.
Conferência motivacional é local de partilha de histórias de superação
Lurdes Breda, entretanto, tomou a palavra para partilhar a sua história de vida. A oradora, natural de Montemor-o-Velho, nasceu em 1970 com uma malformação física: com um braço e sem pernas. Lurdes Breda, mais tarde, afirmou-se como escritora de livros para crianças e jovens, sendo autora de vinte e quatro obras e coautora de outras onze, editadas em Portugal, no Brasil e em Moçambique. O seu livro “O Alfabeto Trapalhão” é, inclusivamente, “um dos livros aconselhados pela “Casa da Leitura”, da Fundação Calouste Gulbenkian”, segundo avança a autarquia cantanhedense em comunicado de imprensa. Vencedora de vários certames literários nacionais e internacionais, Lurdes Breda, foi distinguida em 2005 com o Prémio “Mulheres de Valor” e, em 2014, recebeu a Medalha de Mérito Municipal Cultural. A escritora também participa em “atividades que visam a integração da pessoa com deficiência na sociedade e a promoção do livro e da leitura em inúmeras escolas e bibliotecas”, avança a autarquia.
Luís Filipe Domingues Pinto foi o último a intervir nesta conferência motivacional. Nascido em 1961, em Leiria, o orador apresenta-se como “irreverente e permanentemente insatisfeito”. “Luís Pinto surge na escola do 1º ciclo como um futebolista de referência e um líder que se impunha pelas suas ideias. Aos 13 anos fundou a primeira associação juvenil portuguesa, o “Clube Académico de Leiria”; aos 15 anos a RTP selecionou uma proposta sua para realização de um programa juvenil que coordenou, e inicia militância partidária, atingindo rapidamente a liderança em diferentes cargos locais, distritais e nacionais. Aos 16 anos, foi eleito Presidente de Associação de Estudantes. Foi treinador e árbitro de andebol, praticante de atletismo e dirigente, entre muitos outros exemplos, do CNJ (Conselho Nacional da Juventude), FNAJ (Federação Nacional das Associações Juvenis), Associações de Andebol, Basquetebol, Natação e Taekwondo. Foi o responsável por trazer para Portugal o andebol de praia em 1994 e, nos anos 80, os mais atrevidos e revolucionários Campos de Férias, produzindo dezenas de concertos. Luís Pinto é deputado municipal desde os 19 anos e técnico do IPDJ (Instituto Português do Desporto e Juventude)”, revela o município de Cantanhede em nota de imprensa.
Fotografia: Mesa de honra da conferência motivacional, realizada a 30 de abril no âmbito das “Jornadas da Inclusão”
Autor: Jornal Frontal
