Quinta-feira, 27 de Junho de 2019

Nuno João encontra paz espiritual nos caminhos de Santiago

Nuno João encontra paz espiritual nos caminhos de Santiago

Região

Nuno João encontra paz espiritual nos caminhos de Santiago

Mealhada é ponto de passagem e de paragem dos peregrinos de Santiago. O concelho está integrado no Caminho Central Português, […]

Mealhada é ponto de passagem e de paragem dos peregrinos de Santiago. O concelho está integrado no Caminho Central Português, que começa em Lisboa e que é o segundo percurso mais utilizado pelos milhares de peregrinos que, anualmente, a pé ou de bicicleta, rumam até Santiago de Compostela. Nuno João, comandante dos Bombeiros Voluntários da Mealhada, é um deles. Desde 2007, sempre a pé, já foi peregrino de Santiago por dez vezes. Apesar de ser católico, mais do que a fé, move-o a componente espiritual e cultural da expedição.

Foi numa altura em que procurava “umas férias diferentes” que, numa conversa entre amigos, surgiu a ideia, “mais por curiosidade”, de fazer os caminhos de Santiago. A estreia, realizada em agosto de 2007, foi “difícil”, porque “não estávamos preparados”, mas “a experiência foi excelente e, por isso, quisemos voltar”. Nuno, a esposa e dois amigos são já uma equipa formada que na última década fez a viagem a Santiago, percorrendo os diferentes caminhos. “Até hoje, só repetimos uma vez o Caminho Português”. A última peregrinação data de março. Desta vez, o quarteto ficou a conhecer a Variante Espiritual, caminho que foi classificado este ano.

As viagens são previamente programadas. “Primeiro definimos o número de dias que temos para fazer o percurso: normalmente, dispomos de uma semana. Em cada dia percorremos 25 a 30 quilómetros (“mais do que isto, é exagero”). No total, fazemos uma média de 180 quilómetros”, explica Nuno João, de 45 anos. Fazem-se as contas e decide-se o ponto de partida. Estudam-se também os albergues e as pensões disponíveis. Na mochila que os acompanha, não pode faltar um impermeável para a chuva, um chapéu de sol, uns chinelos “para descanso dos pés ao final do dia”, roupa interior, duas mudas de roupa (“repetimos calças e camisola alguns dias”), um saco-cama, uma toalha de banho, produtos de higiene pessoal e uma lanterna. Umas “boas botas de caminhada” e “roupa leve, transpirável e impermeável” são aconselháveis. “A mochila não deve pesar mais de 11 quilos. Temos que prescindir de coisas que usamos no dia-a-dia, porque, à medida que vamos avançando, a mochila parece mais pesada do que realmente é”. O telemóvel também segue viagem e faz as vezes de uma máquina fotográfica. A alimentação é adquirida durante o percurso: o pequeno-almoço e almoço são comprados no dia anterior. “À noite, tomamos uma refeição quente, confecionada por nós, nos albergues. Quando não nos apetece cozinhar, vamos a um restaurante”. A aventura começa com uma viagem de carro até Santiago de Compostela. “Deixamos lá a viatura e fazemos o caminho em transportes públicos até ao ponto onde queremos começar a peregrinação”.

Caminho isento de “stress”

Atingir a meta – a Praça do Obradoiro, em Santiago de Compostela, na Galiza – é “muito bom” mas melhor ainda é o percurso palmilhado, em comunhão com a natureza, “sem alcatrão”, “sem pressa”, “sem stress” e “sem horários”. Nesta “semana de isolamento”, a caminhada é acompanhada de “partilhas” e “reflexões”. A viagem termina sempre com a participação do grupo na Missa do Peregrino, na Catedral de Santiago. O regresso a casa faz-se no dia seguinte, com cansaço físico, mas principalmente com “muita paz espiritual” e “uma enorme calma”. “Nós costumamos dizer que o fim da caminhada marca o início do ano. Vimos renovados e sentimo-nos mais tonificados em termos emocionais”, explica Nuno João, que ajudou a sinalizar o caminho de Santiago no concelho da Mealhada. A aventura que conduz ao túmulo do apóstolo Santiago é também descrita como “um spa mental”.

O Caminho de Santiago é um itinerário espiritual e cultural, o primeiro da Europa, que, desde 1993, está registado como Património da Humanidade. Sendo um itinerário religioso – seguido por milhões de peregrinos desde o início do século IX, quando foi descoberto o sepulcro do apóstolo Santiago Maior – atrai pessoas de todo o mundo também por motivos espirituais, culturais e desportivos.

Mealhada

Autor: Jornal Frontal

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