Autárquicas: Turismo e educação no centro das atenções dos candidatos à Câmara da Mealhada

O debate entre os candidatos à Câmara Municipal da Mealhada – António Jorge Franco (Movimento Mais e Melhor), Guilherme Duarte (PS), Nelson Fernandes (AD), Isabel Vieira (CDU), Ana Luzia Cruz (Bloco de Esquerda), e Francisco Lopes (Chega) – estabeleceu as linhas programáticas para os temas centrais do concelho: Educação, Habitação, Economia e Turismo, Ambiente e Desporto.

Ana Luzia Cruz (Bloco de Esquerda) focou-se na fiscalização e na urgência de investimento público. Na Educação, criticou o processo de descentralização de competências e apontou a necessidade de mais assistentes operacionais nas escolas. A candidata do Bloco de Esquerda destacou a baixa execução da Estratégia Local de Habitação e defendeu a reabilitação urbana e a construção pública urgente de casas. No Turismo, sugeriu a criação de uma rede de pontos turísticos interligados e propôs um museu das quatro maravilhas. Em Ambiente, alertou para a má qualidade da água no Rio Cértima e defendeu que os edifícios e serviços públicos atinjam neutralidade carbónica até 2030. No Associativismo, propôs que o regulamento do funcionamento do autocarro municipal contemple a utilização por quilómetro para maior equidade.

António Jorge Franco (Movimento Mais e Melhor) baseou as intervenções na execução e nos resultados do mandato em curso. Na Educação, destacou o aumento do pagamento às IPSS por criança e o investimento na conclusão de obras na Escola Secundária. Sobre Habitação, revelou um aumento de residentes no concelho e a redução do tempo médio de aprovação de projetos de arquitetura para 45 dias, além da ampliação das Áreas de Reabilitação Urbana (ARUs) a todas as aldeias. Na Economia e Turismo, Antonio Franco referiu que a Mealhada tem o salário médio mais elevado da Bairrada e mencionou a compra de terrenos para a zona industrial. No que toca ao Ambiente, destacou que a recolha seletiva de resíduos é a melhor da Bairrada. Prometeu a recuperação do Estádio Municipal.

Francisco Lopes (Chega) focou-se na colaboração privada e na qualidade das infraestruturas. Sobre Educação, criticou a modernização das escolas, focada na estética, e defendeu o estímulo dos jovens através do mérito e de bolsas. 

O candidato do Chega defendeu cooperativas privadas de Habitação, com apoio camarário, e defendeu a fiscalização da habitação social para evitar a utilização indevida. Na Economia, criticou a falta de potencialização das acessibilidades (Autoestrada 1, ferrovia, N1, etc.) e questionou o desenvolvimento económico da Mealhada. Acerca do Ambiente, priorizou as infraestruturas públicas antes da estética e criticou o mau estado das estradas. Para o Desporto, defendeu um apoio mais amplo ao associativismo, para além do financeiro, incentivando a iniciativa das próprias associações.

Guilherme Duarte (PS) referiu o trabalho realizado em oito anos de governação socialista, que antecedeu o atual executivo independente. Para a Educação, destacou a necessidade de obras de recuperação em escolas do 1.º ciclo e propôs a criação de um gabinete de apoio educativo para crianças estrangeiras. O candidato socialista acusou a autarquia de baixa execução da Estratégia Local de Habitação (ELH) e propôs a construção de habitação nova, assim como um programa de arrendamento acessível com comparticipação camarária de até 30%. No Turismo, referiu o potencial da Mata do Bussaco e a marca “4 Maravilhas”, notando a diminuição de visitantes e dormidas de 2019 até agora. Para a área do Ambiente, destacou investimentos em saneamento básico e a necessidade de reduzir as perdas de água na rede (30%). No tema Desporto e associativismo, criticou o tratamento desigual das associações.

Isabel Vieira (CDU) centrou as intervenções nas exigências ao Governo Central e nos serviços públicos. Em Educação, alertou para a falta de professores e trabalhadores não docentes, defendendo que o município deve contribuir para a fixação desses profissionais. A candidata da CDU defendeu a reabilitação de centros urbanos e reafirmou a habitação como responsabilidade primária do Governo Central, com a Câmara a dar apoio complementar. No Turismo, insistiu na certificação do Leitão da Bairrada e criticou a entrega da Mata do Buçaco a fundações. Para o sector do Ambiente, defendeu a melhoria e o alargamento da recolha de resíduos porta-a-porta e mais energia renovável. Sobre apoio ao Associativismo, sugeriu que a Câmara suporte o IVA dos instrumentos musicais das filarmónicas.

Nelson Fernandes (AD) focou as propostas na inovação e gestão. Em Educação, propôs um sistema mais inclusivo e a criação de um gabinete de observação para alunos em risco de abandono. Perante a crise da Habitação, defendeu a reabilitação de habitações devolutas nos centros das aldeias como forma de fixar jovens. O candidato da Aliança Democrática reiterou a criação de um Gabinete de Desenvolvimento Económico e Social para a captação de empresas com “bons salários” e criticou o atraso na Plataforma Logística da Pampilhosa. Sobre Ambiente e sustentabilidade, criticou a inação do executivo em projetos anteriores e propôs uma gestão eficiente da iluminação pública e a deteção de perdas de água. Em Desporto, defendeu o aumento do financiamento para associações e a colocação de técnicos da Câmara próximos das coletividades para as ajudar a fazer projetos.

Mais de duas horas de debate, dividido por cinco temas-chave, sendo o maior número de intervenções individuais e, consequentemente, o mais falado no debate, a Economia e Turismo, seguido de perto por Educação e Ambiente e Sustentabilidade.

Todos os cinco temas abordados tiveram intervenção por parte de cada um dos seis oradores, resultando num número igual de seis intervenções para cada tema. Ou seja, cada candidato fez pelo menos seis intervenções, com um tempo médio por intervenção de quatro minutos e um segundo cada, o que não obstou a que houvesse algumas interpelações diretas e respostas imediatas entre líderes das candidaturas, naturais num debate político.

O debate entre os candidatos à Câmara Municipal da Mealhada foi organizado conjuntamente pela Rádio Clube Pampilhosa e pelo Jornal da Mealhada e foi o último de uma série de debates autárquicos no concelho. No mesmo dia foi antecedido pelo debate dos candidatos à Assembleia Municipal.

Moderado pelos jornalistas profissionais Ricardo Busano e Graça Polaco, o confronto de ideias — a escrutínio nas eleições do próximo dia 12 de outubro —, realizou-se na Sala de Formação da Associação Humanitária dos Bombeiros da Pampilhosa, que cedeu graciosamente todas as condições e instalações para a série de debates.

Reveja o debate integral neste link.