Quarta-feira, 23 de Janeiro de 2019

DEUS VALE MAIS QUE OS TEMPEROS!

DEUS VALE MAIS QUE OS TEMPEROS!

Opinião

DEUS VALE MAIS QUE OS TEMPEROS!

Já lá vai quase meio ano. Fui convidado para jantar lá em casa. A simplicidade e a bondade daquela gente […]

Já lá vai quase meio ano. Fui convidado para jantar lá em casa. A simplicidade e a bondade daquela gente abriram-me o apetite e aceitei.

Cheguei a horas! Entrei pela cozinha das traseiras e dei a saudação.

– Já vem aí, senhor Padre?!

Brinquei com a mãe e a filha, dizendo que para comer nunca me atraso! Elas responderam com uma gargalhada. Entretanto, entram na cozinha o genro e a neta que também me cumprimentam.

– Vamos para a sala que já tenho tudo pronto!

Perguntei se podia ajudar, mas não me deixaram e a mãe – mulher dos seus 70 e muitos anos – diz-me:

– Senhor Padre, hoje, Deus fez chover ouro. Estava tudo a ficar seco. Deus queira que continue assim, pelo menos durante a noite…

A neta, ouvindo a avó, contesta:

– Ó avó, a chuva não tem nada a ver com Deus. É uma questão da meteorologia…

A avó nem acaba de ouvir, para lhe responder com determinação e num semblante sério:

– Qual quê, menina!? Então não é Nosso Senhor que governa tudo isto?

Voltando o olhar para mim, diz:

– Senhor Padre, diga, à minha neta que quem manda nisto tudo é Deus!

Confesso que fiquei aflito, pois não estava a contar com o «desafio» daquela senhora. Entretanto, a filha diz.

– Deixe lá isso, mãe… E sabe que a sua neta estuda muito, lá na universidade. Ela sabe o que diz!

Ao ouvir isto, a avó, com um sorriso meio a gozar, responde à filha:

– E faz bem! O que lhe faz falta é rezar e ir à Missa! Os livros não nos salvam!

Encantou-me a resposta e fiquei mais tranquilo, porque escapei-me do confronto entre neta e avó, embora esta pareceu-me não precisar da minha ajuda. Entretanto, começamos a refeição e fomos falando das suas vidas. A certa altura, diz a neta para avó:

– Ó avó, está tudo delicioso. Como consegue fazer assim a comida

Responde a avó:

– Com a ajuda Deus, menina.

A neta ao escutar isto, sorriu-se e diz, em voz baixa, para mãe:

– Se não fossem os temperos, gostava de ver o que Deus fazia!

Continuámos a refeição. Já no final, quando o pai acaba de comer, cruza os talheres sobre o prato. A filha, quase a gritar, diz-lhe:

– Não faças assim, pode dar azar…!

Mudando de imediato a posição dos mesmos talheres. A avó, olhando para mim, riu-se. Depois, vira-se para neta e diz-lhe:

– Olha menina, enquanto andares com esses disparates na cabeça, não vais a lado nenhum! Só me resta rezar para que encontres Nossos Senhor na tua vida!

Levantou-se, entretanto, e foi buscar uma deliciosa de sobremesa. Falámos mais um bom bocado e terminámos de forma serena e bastante cordial.

No regresso a casa, vim encantado com aquela avó e com a sabedoria de vida e de fé que possui. Afinal, aquela avó acredita num Deus vivo, que está na vida e que dá vida ao seu viver. O «resto» que anda por aí muito espalhado, até no viver de tantos que se dizem não crentes, é mera superstição, ou melhor, disparate!

Pe. Rodolfo Leite

Autor: Jornal Frontal

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