Diretor: 
João Pega
Periodicidade: 
Diária

“Que a Festa de Santa Ana volte a ser grande e de todos”


quarta, 07 agosto 2019

Cumpriu-se a tradição das Festas de Santa Ana, mãe da Virgem Maria e avó de Jesus. A padroeira da Paróquia da Mealhada saiu à rua no último domingo de julho, numa procissão que percorreu algumas zonas da cidade. Centenas de pessoas de todas as idades participaram nesta manifestação pública de fé. A caminhada fez-se por ruas enfeitadas com tapetes de verdes e de flores e colchas nas janelas e varandas. A procissão foi acompanhada pelas irmandades da Santa Casa da Misericórdia da Mealhada (SCMM) e de São Sebastião, pela Associação dos Bombeiros Voluntários da Mealhada (ABVM), pelo Agrupamento de Escuteiros de Santa Ana e pela Banda Filarmónica da Pampilhosa. Este ano, à semelhança de outros, a festa foi apenas religiosa: foram responsáveis pela sua organização a SCMM e a Paróquia da Mealhada, com o apoio da ABVM.

Segundo Rodolfo Leite, pároco da Mealhada, “é importante valorizar esta festa” e dar-lhe o destaque que, em tempos idos, lhe era atribuído: “sabemos que estas festividades não podem voltar a ser como antigamente, com tourada e gente a vender cabras de porta em porta para fazer a chanfana, mas podemos recuperar o passado e adaptá-lo aos novos tempos”. O pároco sugere que a edição de 2020 se comece já a preparar este ano, “com espírito de união e entreajuda”.

Em setembro – revelou o padre Rodolfo Leite – “vamos fazer algo sobre os noivos de Santa Ana. Se existem os casamentos de Santo António, também podem existir os Casamentos de Santa Ana. Nesta capela, já se realizaram centenas de casamentos, aqui nasceram muitas famílias. É preciso recuperar essas histórias. Vamos tirar os vestidos de noiva dos armários e pô-los a desfilar. Vamos unir a comunidade à volta de Santa Ana”. Este – acrescenta – pode ser “o primeiro passo” para organizar as próximas festas em honra da padroeira da Paróquia da Mealhada, da SCMM e da ABVM. O pároco deseja “que a festa volte a ser grande e de todos”, com momentos religiosos e profanos.

“O amor dá equilíbrio e justiça ao nosso viver”

“Vivemos pouco o presente e preocupamo-nos muito com o tempo que ainda não chegou, ou seja, com o amanhã”. Esta foi uma das mensagens transmitidas pelo padre Rodolfo Leite na homilia da Missa dos Avós, que se realizou no Dia de Santa Ana e que marcou o início das festividades. “Focamo-nos tanto no futuro que não vivemos o presente e desprezamos o passado, que é tão importante e que tem tanto para nos ensinar”, destacou o pároco que, nos seus discursos informais, tanto põe os fieis a rir como a chorar, mas que a todos capta facilmente a atenção. “Não esperem que a sorte ou a água benta vos resolva os problemas. Mais importante é olhar para o passado e dele retirar lições para perceber o presente e programar o futuro. Os avós são fonte do passado – devemos ouvi-los – e as tradições unem, tornam-nos cúmplices”. A fé – concluiu – é uma das “tradições mais antigas”.

Na missa de domingo, antes da procissão, Rodolfo Leite transmitiu a mensagem de que é importante “viver segundo o amor”: “não deixem que a opinião dos outros, que por vezes não passa de chuva miudinha, condicione a vossa vida, vos adormeça, vos retire o desejo de lutar por algo, vos torne outras pessoas, vos influencie. Santana ensinou isto a Nossa Senhora. Não sigam a moda nem a maioria. Sejam justos e não ponham em causa o amor, mesmo que isso vos torne impopulares. O amor dá equilíbrio e justiça ao nosso viver”. Para o pároco da Mealhada, mais importante do que o resultado é o caminho, “percorrido com esforço e mérito”.