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“Na Suíça é tudo muito diferente”


quarta, 10 julho 2019

Foi em 2012 que Filipa Conceição deixou Portugal. Grávida do primeiro filho, partiu para a Suíça, acompanhando o marido que tinha uma oferta de trabalho em vista. “Esta foi a mudança mais radical que tive na vida”, confessa a pampilhosense, que vive com o marido e os dois filhos (de 3 e 6 anos), que nasceram além-fronteiras, no Cantão de Zurique, no nordeste da Suíça, junto à fronteira com a Alemanha.

A adaptação ao novo país foi “difícil”, principalmente por causa da língua – o casal não sabia falar alemão. “Também tivemos que nos adaptar ao clima, ao estilo de vida, às regras, à organização suíça, aos horários e à alimentação. Por aqui é tudo muito diferente”, explica. Patrícia sabe agora que um atraso é muito mal visto, que não pode fazer compras depois das 21h e ao domingo e que a hora de almoço começa às 11h.

O dia-a-dia de Filipa é passado a cuidar da casa e dos filhos. “Aqui, é normal as mulheres não trabalharem a tempo inteiro ou ficarem em casa a tomar conta dos filhos enquanto são pequenos”. Passa-se “muito tempo na rua, para as crianças brincarem com os amigos e os vizinhos, mesmo que esteja a chover ou a nevar”. Para quem tem filhos – garante a pampilhosense de 36 anos – “a Suíça é um ótimo país para viver”. Além de ser seguro – “as crianças vão para a escola sozinhas e a pé” – tem muitos parques infantis.

Segundo Filipa Conceição, a Suíça é “um país muito limpo e organizado”. As pessoas “aproveitam melhor o dia”, porque começam a trabalhar mais cedo, e “dão muito valor ao silêncio e ao descanso”. Os transportes públicos “funcionam extremamente bem”. O inverno é “muito longo e frio, mas as casas estão sempre quentinhas”. Na Suíça, as pessoas preocupam-se com o ambiente e “reciclam quase tudo”. No que diz respeito à gastronomia, come-se pouca carne, consome-se ainda menos peixe e abusa-se dos vegetais e da fruta. Os suíços também “gostam muito de queijo e de chocolate”. Filipa destaca ainda que, na Suíça, há muitos estrangeiros: “na rua, ouvimos todo o tipo de línguas”. “O custo de vida é extremamente elevado” – “a primeira vez que fui ao supermercado fiquei em choque com os preços” – mas proporcional ao vencimento.

“Há aqui uma grande comunidade portuguesa”

Filipa gosta “muito” de viver na Suíça e, “por enquanto”, voltar para Portugal não faz parte dos seus planos. Saudades “da família, dos amigos, da comida, da praia, do clima, de ouvir falar português em todo o lado” tem “muitas”, que, no entanto, são aliviadas com as videochamadas e os produtos portugueses fáceis de encontrar na Suíça, em lojas e restaurantes, porque “há aqui uma grande comunidade portuguesa”.

Todos os anos, normalmente no verão, Filipa e a família passam férias em Portugal. A Pampilhosa – “onde estão as minhas raízes” – é ponto de paragem obrigatório. Depois de conhecer outra realidade, dá “mais valor” à sua terra e ao seu país, mas também consegue ter uma visão “mais crítica” acerca do que se passa por cá: “as coisas podiam funcionar de forma diferente”. Educar os filhos sem o apoio da família é “difícil”, mas – acredita – criá-los, sem as ajudas que encontrou na Suíça, também o seria.