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Diária

Escolas de Samba preparam Carnaval 2019 para entrar com o “pé direito” na “avenida” mealhadense


quarta, 23 janeiro 2019

A folia está prestes a começar naquela que pode ser chamada a capital do Carnaval Luso-brasileiro. No passado dia 17 de janeiro a Associação de Carnaval da Bairrada (ACB) anunciou nas redes sociais que o Carnaval na Mealhada começa a 24 de fevereiro e termina a 5 de março, sob o mote “VaiVirarCarnavauuu”.

Prometido, para além da alegria, cor e “samba no pé”, está também o desfile noturno, a tenda noturna, assim como os corsos carnavalescos e o Carnaval de Palmo e Meio, que irá decorrer no dia 24 de fevereiro, numa organização em parceria com a Câmara Municipal da Mealhada, no âmbito da Rede Social.

Antes de desfilarem na “avenida”, o Jornal da Mealhada falou com as escolas de samba que vão colorir as ruas da cidade para saber o que estão a preparar para o Carnaval 2019. Os Sócios da Mangueira – Escola de Samba, o Grémio Recreativo Escola de Samba Batuque (GRES Batuque), o Grémio Recreativo Escola de Samba Real Imperatriz e o Grémio Recreativo Escola de Samba Amigos da Tijuca abriram-nos as portas das respetivas sedes e desvendaram algumas surpresas que estão a preparar para os corsos deste ano.

Sócios da Mangueira sambam “Por tudo o que é mais sagrado”

“Por tudo o que é mais sagrado” é, normalmente, uma prece dita pelas pessoas de fé e é sobre religião que os Sócios da Mangueira se propõem falar este Carnaval. Juvenal Santos, presidente da referida escola de samba, disse ao nosso jornal que o foco dos mangueirenses é apresentar várias religiões existentes como “uma forma de desmitificação do que surgiu para unir as pessoas e não para as separar”.

A dar ritmo ao tema escolhido pelos mangueirenses para o Carnaval 2019, Juvenal Santos revelou ao nosso jornal um excerto do Samba Enredo, que irá ser apresentado publicamente no próximo dia 2 de fevereiro, pelas 23h, na Quinta dos Três Pinheiros, “Acreditar que é verde e rosa a religião/seja futuro presente ou passado/por tudo o que é mais sagrado”.

Com a letra gravada na memória e cantada com emoção, os Sócios da Mangueira partem para a “avenida” com 170 desfilantes, apoiados por 25 elementos do Staff da escola, sendo que as alas que mais participantes têm são “as passistas, logo seguidas pela bateria”, segundo avança Juvenal Santos ao nosso jornal.

A capitanear a preparação deste carnaval está a carnavalesca Inês Machado, que é responsável por assegurar que nada falta no espetáculo onde a cor, o brilho e a exuberância são ingredientes indispensáveis. Parte dos ingredientes de que falamos são os fatos, que exigem uma preparação metódica e atempada. Sem querer adiantar muito sobre os pormenores que caracterizam os fatos, Juvenal Santos refere “como será de esperar, serão repletos de brilho e cor, fazendo jus ao tema, e podem contar com bastantes pormenores marcantes afetos a cada religião”.

“As fantasias são, sem dúvida, um dos pontos da preparação de um Carnaval que mais trabalho exige de todos nós mas, como tudo, carnaval não são apenas fantasias, existe todo um trabalho de estruturação, organização e ensaios igualmente fundamentais na preparação de um carnaval”, refere Juvenal Santos, que confessa começar a sentir “um nervoso miudinho” com o aproximar do Carnaval.

A trabalharem desde outubro passado neste Carnaval, Juvenal Santos falou sobre o atraso na entrega da comparticipação financeira pela autarquia, “transtornou dado que nós iniciamos todo o processo de compras de materiais em Outubro”, porém garante que não houve qualquer prejuízo nos planos feitos pelos mangueirenses e revela que vão existir “algumas mudanças no desfile da escola e isso será notado tanto na dinâmica como na estrutura, bem como nas fantasias”.

GRES Batuque conta “Um harém de histórias”

Este ano, o Grémio Recreativo Escola de Samba Batuque pretende levar os foliões numa viagem pela Arábia, sob o mote “Um harém de histórias”. De acordo com Rita Fernandes, presidente do Batuque, este era um tema cuja vontade de trabalhar “já vem de alguns anos” e agora acharam que era o “momento certo” para o apresentar na “avenida” mealhadense.

“Terra de mil contos e mil noites”, é assim que Rita Fernandes apresenta o tema que escolheram para desfilar e com o qual prometem mostrar a “riqueza da cultura e tradições” da Arábia.

Com um confesso gosto por temas “que transmitam objetividade, cor, alegria e que suscitem o interesse do público”, conforme diz a presidente, o GRES Batuque pretende enriquecer o Carnaval da Mealhada com este tema, garantindo também que a Arábia é um tema que “tem tudo para oferecer um bom espetáculo aos espectadores”.

“Meu verde e branco Ana Bhebak”, pode ser ouvido da boca das 140 pessoas que desfilam pelo Batuque no corso deste ano. O Samba Enredo da escola de samba verde e branca, da autoria de Nuno Bastos, ainda está por apresentar oficialmente, porém na página de Facebook da escola podemos encontrar um pequeno excerto, “O meu povo vem feliz/Nesse deserto, levantar poeira/Sob a proteção de Alá/Eu vou brilhar a vida inteira”. A bateria “Explosão de Alegria”, ala com mais participantes no GRES Batuque, promete fazer levantar o “pé do chão” e dar ritmo à letra que conta uma história, a história dos batuqueiros no Carnaval 2019.

Ainda com muitas coisas para fazer, Jorge Pires e Margarida Ferreira são os dois carnavalescos que estão ao leme das operações de preparação para o Carnaval deste ano, que pela primeira vez contam com a comparticipação direta da autarquia. Sobre a entrega do montante acordado por parte da edilidade, Rita Fernandes não esconde que o atraso na entrega do valor tem dificultado os trabalhos, mas assegura que o Batuque “vai encher a Avenida com cor, brilho e fatos maravilhosos”.

Os ingredientes estão lançados para “fazemos o melhor Carnaval”, diz a presidente da escola de samba verde e branca, que espera terminar o corso “com o sentimento de dever cumprido, com a nossa escola feliz”, fazendo votos de que o público goste e perceba a mensagem do Batuque.

GRES Real Imperatriz apresenta “Um Espetáculo de Amor”

“Imperatriz, um Espetáculo de Amor” é o tema da escola de samba de Casal Comba para o Carnaval 2019. Sob a promessa de fazer voar os espectadores nas asas do amor, Elisabete Baptista, membro da comissão carnavalesca deste ano, abriu o véu do enredo que vão trazer para a “avenida”, “vamos contar uma história de amor, onde o cenário é um circo, passada entre dois palhaços que têm de superar, com a ajuda de alguns elementos do circo, muitas barreiras para ficarem juntos”.

O enredo transpira para o hino, criado por José Lopes, uma “atmosfera de magia e paixão” e nos corsos serão aproximadamente 120 elementos a cantar com alma e coração “Quem sou eu? Sou algo muito forte, com o Amor…, comigo e com a sorte…”. A bateria da escola de samba de Casal Comba será a “Ala mais representativa”, garante a carnavalesca, e promete não deixar ninguém indiferente à história quem veem contar.

A preparação do Carnaval exige algum método e muita antecedência, portanto, dada a complexidade, a missão está entregue, este ano, a uma comissão carnavalesca “composta por três pessoas e meia, Inês Gomes, Dalila Melado, Elisabete Baptista e Júlia Lima (meio)”, esclarece Elisabete Baptista.

Da azáfama da preparação faz também parte a conceção dos fatos, cuja criação é da responsabilidade de Inês Gomes e Dalila Melado, sendo os desenhos da autoria desta última. No “segredo dos deuses” estão os pormenores que caracterizam o guarda-roupa, porém Elisabete Baptista garante “os fatos são, obviamente, todos originais, cheios de cor e alegria, não fosse o nosso cenário o circo”.

“Neste momento, todos os trabalhos estão a ser feitos segundo a nossa calendarização”, começa por garantir Elisabete Baptista, que acrescentou “acreditamos que iremos para as ruas da Mealhada surpreender os espectadores”.

Por falar em surpresas, este ano o corso não passará na Rua da Estação e terminará perto do edifício da Junta de Freguesia, uma medida que merece elogios de Elisabete Baptista, “quanto às alterações do corso, já o ano passado foi tomada uma medida muito positiva para o Carnaval da Mealhada com a passagem do desfile para o centro da cidade. Este ano mais uma boa medida foi tomada, tendo em conta o piso. O empedrado não é de todo o melhor para se poder sambar”. “Outra boa decisão, e desta vez da Autarquia, foi a de financiar as Escolas diretamente em vez de ser pela ACB”, disse a carnavalesca da Real Imperatriz, que lamenta que a decisão seja tardia, mas garante “mais vale tarde que nunca”.

Amigos da Tijuca explicam a “Essência de ser diferente”

O tema escolhido pelos Amigos da Tijuca para o Carnaval 2019 assemelha-se a uma biografia, cuja história irá ser escrita na “avenida”. “Estranhamente Tijuca! A essência de ser diferente” é um tema que Rita Ramos, presidente da escola de samba tijucana, descreve como “muito nosso, representa muitas das vivências da Tijuca e principalmente dos Tijucanos”, assegurando que “quem nos acompanha de perto vai com certeza identificar-se com cada ala na avenida”.

Na “avenida”, os tijucanos apresentam um enredo baseado numa “analogia pelos cinco elementos aliados aos sentidos que são: os olhos, os ouvidos, as mãos, a boca e o nariz”. De forma concreta, os tijucanos prometem metaforizar os vários sentimentos, culminando “numa representação social e emocional realista”.

“Eu vi, ouvi e então falei/Vivo a vida que sempre quis/Reluzindo no seu olhar/Minha essência é ser feliz”, é uma das quadras do Samba Enredo que a escola de samba de Enxofães apresenta aos foliões neste carnaval. Acompanhados por uma bateria composta por 44 elementos, onde também se inclui a harmonia, os Amigos da Tijuca saem à rua com 130 elementos na totalidade. Estes, assim como todos os elementos das quatro escolas de samba, por decisão da ACB, não vão passar, este ano, pela Rua da Estação, algo que causa uma certa dualidade de pensamento aos tijucanos, “primeiro não é bom tendo em conta que é uma zona que alberga muita gente, mas por outro lado, a qualidade de espetáculo apresentada diminui bastante devido à má qualidade do piso”.

A organização, estruturação, ensaios e execução dos fatos são as tarefas dos carnavalescos. Este ano, a responsabilidade destes itens recai sobre cinco elementos que compõem a comissão carnavalesca: Gisela Oliveira, Lúcia Covas, Inês Miranda, Camila Nogueira e Beatriz Guerra.

Um dos elementos mais vistosos do carnaval é o guarda-roupa, que tem a assinatura de Gisela Oliveira. Sem desvendar quaisquer pormenores sobre os fatos, Rita Ramos diz “o nosso guarda-roupa tem 90% de trabalho de sede, trabalho este que é executado pelos nossos tijucanos e apoiantes” e garante “cada fato é feito com muito amor e alegria”.

Para o Carnaval 2019 os tijucanos definiram a “Superação” como palavra de ordem, perseguindo o objetivo de “fazer mais e melhor que o ano anterior”. A “trabalhar a todo o gás”, Rita Ramos lamenta que a escola ainda não tenha recebido o financiamento por parte da autarquia, “apesar de compreendermos que a CMM (Câmara Municipal da Mealhada) não podia fazer nada até ter os resultados da auditoria, podiam ter feito as coisas mais atempadamente para permitir que as escolas pudessem avançar com os trabalhos, com dinheiro para a sua execução”, considera a presidente da escola de samba de Enxofães.