AS FESTAS DO MAGUSTO, DE TODOS OS SANTOS E DO “HALLOWEEN”. SEU SIGNIFICADO E ANTECEDENTES E INFLUÊNCIA NELAS EXERCIDA PELA CALENDARIZAÇÃO DO TEMPO. (PARTE 4)
Atualmente, fala-se, com insistência, em nova alteração do calendário gregoriano face ao tal erro dos 27s em cada ano e ao facto dos dias serem distribuídos pelos meses de forma irregular.
Ora, isto trouxe consequências para a evolução da festa do 1º de novembro, já que esse 1º de novembro passou a ser, desde o ano 1582, o 11 do novo calendário gregoriano, dia que continuou sendo o da celebração da festividade tradicional do Magusto na Galiza, com umas características próprias, devido também à própria evolução da festa nos territórios da velha Gallaecia, da qual Portugal como as Astúrias são também herdeiros. Portanto, o verdadeiro dia do Magusto herdado da tradição céltica e consagrado na Galiza e transmitido a Portugal e às Astúrias é o dia 11 de novembro do novo calendário gregoriano. A Igreja, porém, manteve a festa de Todos os Santos no dia 1º de novembro desse mesmo calendário, autonomizando-se, assim, da data da antiga festa pagã, a que durante séculos esteve ligada.
b) A celebração da festa do “Halloween”
A celebração do “Halloween”, que, como vimos atrás, é uma manifestação cultural dos povos anglo-saxões, tem duas origens que, no decurso da História, se foram misturando: a origem pagã do “Samhain” celta e a da tradição cristã de Todos os Santos, talqualmente como o Magusto.
Porém, contrariamente a este, que passou a celebrar-se no dia 11 de novembro do novo calendário gregoriano, o “Halloween” ligou-se antes à festividade cristã de Todos os Santos, uma vez que os países anglo-saxões só aderiram ao calendário gregoriano dois séculos depois, ou seja, em 1752, e aquela festividade cristã era festejada no dia 1º de novembro daquele novo calendário.
Assim, entre o pôr-do-sol do dia 31 de outubro e o 1° de novembro do novo calendário gregoriano, ocorria a noite sagrada da véspera de Todos os Santos (hallow evening, em inglês), e essa vigília era chamada de “All Hallow´s Eve” (Vigília de Todos os Santos), imposta pelos cristãos que tentaram eliminar a festa celta do “Samhain”, passando depois pelas formas de “All Hallowed Eve” e “All Hallow Een” até chegar à palavra atual “Halloween”.
O termo "Dia das bruxas" não era utilizado pelos povos de língua inglesa. Esta designação deriva da ligação estabelecida, na Idade Média, com as bruxas propriamente ditas, no seguimento das perseguições incitadas por líderes políticos e religiosos, para serem conduzidos a julgamentos pela Inquisição todos os homens ou mulheres que fossem considerados curandeiros e/ou pagãos com o intuito de serem condenados. Deste modo, todos os que fossem alvo de tal suspeita eram designados por bruxos ou bruxas, com elevado sentido negativo e pejorativo, devendo ser julgados pelo tribunal do Santo Ofício e, na maioria das vezes, queimados na fogueira nos designados autos de fé. Essa designação foi perpetuada e comemorada nas festividades do “Halloween”, cuja tradição foi levada para os Estados Unidos pelos emigrantes irlandeses (povo de etnia e cultura celta) no século XIX, ficando, assim, tal festividade conhecida como "dia das bruxas", pela tendência que têm os americanos de deturparem todas as lendas históricas que recebem. A atual festa do “Halloween”, tal como hoje é celebrada, pouco tem a ver com as suas origens: só restou uma alusão aos mortos, mas com um carácter completamente distinto do que tinha a princípio. Além disso, foi-lhe sendo paulatinamente incorporada toda uma série de elementos estranhos, tanto à festa de Finados como à de Todos os Santos.