Artigo de Opinião: Luís Vaz de Camões

Era filho do fidalgo, Simão Vaz de Camões e deve ter nascido em 1524 ou 1525. A incerteza resulta do facto de naquela época, não existir registo de nascimentos.
Também não está provado que, sua mãe, teria morrido no parto, ou tenha sobrevivido.
Na realidade a vida de Camões só começou a ser investigada muito mais tarde e numa nota de autor consta em apontamento que ele, quando embarcou para Goa, em 1553, era considerado um mancebo pobre.
É provável que tenha passado a infância em Coimbra, o grande Centro Cultural de Portugal e a Cidade onde existia uma Biblioteca, das mais completas.
Também é de admitir a hipótese de ter sido orientado, na aquisição da sua vasta cultura humanística por seu tio D. Bento de Camões, Prior do Convento de Santa Cruz e Chanceler da Universidade de Coimbra.
Camões, aliás, pode ter conseguido essa formação, mesmo sem haver frequentado regularmente, os Cursos de Universidade, visto que o seu nome não consta nos registos escolares.
A verdade, é que possuía uma grande cultura em: Geografia; História Antiga; Astronomia e Artes Militares, embora não passasse de um pobre soldado endividado, tendo passado, mais de uma década afastado da pátria.
No entanto, ainda em Coimbra, era um conquistador afamado que fazia inveja aos mais afortunados.
A determinada altura, vai para Lisboa e a nobreza de seus pais, garantiu-lhe um lugar na Corte de D. João III. Segundo uma hipótese, ele exercia o cargo de preceptor, do filho dos Condes de Linhares.
Corria o ano de 1549, Camões interessava-se pelas “letras”, mas meteu-se em intrigas e foi desterrado para Belver, no Alto Alentejo, por um amor mal sucedido.
Tempo depois, Camões, ao que parece, mediante despacho Real, teria sido transferido para Ceuta, em Marrocos, posto avançado, contra os Mouros, onde perdeu o olho direito.
Após o regresso de África, era um homem marcado a quem ninguém devia referência.
Entretanto, envolveu-se noutra briga e foi preso, durante meses, embora, mais tarde, o Rei lhe tenha concedido, uma carta de perdão.
Pouco tempo passado, embarcou para Goa, como simples soldado. Conheceu muitas realidades, inclusive, relacionadas com civilizações estranhas. Tudo isso contribuiu matéria para compor os “Lusíadas”, cujas cenas marítimas são ricas de pormenor e intensidade.
Continuava a escrever, mas nem sempre, usava de simpatia, o que lhe trazia inimizades.
Consta que a criação da grande obra dos “Lusíadas”, foi escrito, enquanto vagueou pela Ásia.
Conta a lenda que enquanto permaneceu em Macau e, junto da sua amada chinesa “Dinamene”, escrevia, dia após dia, os respetivos “versos”.
No entanto, foi destituído do cargo de Provedor- Môr dos Defuntos e Ausentes em Macau, porquanto não cuidou da sua função.
A sua amada “chinesa”, num triste dia, morreu afogada. Camões dedicou-lhe uns sonetos de inspiração muito dedicada “Alma minha Gentil…”
Camões sofreu um naufrágio, mas conta a lenda que, não só se salvou, como salvou a sua obra grandiosa, erguendo os “Lusíadas” com uma das mãos e, nadando com a mão livre.
Com sorte, atingiu o litoral e, uma vez em Goa, foi nomeado para um cargo, que nunca exerceu, porquanto, foi preso por dívidas.
A vida de Camões na Índia, foi um longo desterro, que lhe trouxe penúria e dificuldades de toda a espécie. Percorreu hospícios alheios e miséria.
Camões partiu da Índia, rumo a Portugal, conseguindo uma passagem gratuita até “Moçambique” onde pensava encontrar um amigo que o deveria acolher, mas tal não sucedeu.
No entanto, a sorte sorriu-lhe, entretanto, através de um historiador – Diogo do Couto, que o acarinhou.
Mesmo na miséria, Camões nunca deixou de escrever versos a amadas e também envidou esforços para a publicação da sua obra prima “Os Lusíadas”.
Um amigo especial fez chegar a obra à censura de um frade dominicano- Bartolomeu Ferreira, encarregado do Serviço de Censura Eclesiástica, que não levantou dificuldades à publicação.
Um alvará régio de setembro de 1571, concedeu a licença de impressão e garantiu a Camões direitos de autor por dez anos.
Em 1572, o poema, foi publicado, o Rei concedeu uma tensa ao seu autor, no montante de quinze mil reis por ano.
Camões morreu em 10 de Junho de 1580.
Em suma: o destino das obras de Camões foi mais auspicioso do que a vida do seu autor.
Corália Canas