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Reunião católica em Bruxelas debate problemas Europeus


tags: Mealhada Categorias: Região quinta, 14 março 2024

A COMECE, Comissão que representa os Bispos da União Europeia, realizou uma reunião no dia 26 de fevereiro, em Bruxelas, onde estiveram presentes cerca de vinte delegados de diferentes organizações sociais católicas a trabalhar na Europa, para debaterem alguns dos problemas que assolam a União Europeia.

Olinda Marques do Movimento de Trabalhadores Cristãos da Europa (LOC/MTC) da Unidade Pastoral da Mealhada contou ao nosso Jornal que “foi um dia marcado por uma impressionante mobilização de agricultores que deslocaram cerca de um milhar de tratores para a cidade de Bruxelas, manifestando o seu descontentamento com as políticas europeias de agricultura, foi possível a estas organizações partilhar com a COMECE, representada pelo seu secretário geral: Fr. Manuel Barrios e pelo bispo irlandês Noel Treanor, núncio apostólico para a União Europeia,  as suas preocupações e prioridades no ano de 2024”.

Entre as várias preocupações que foram abordadas na reunião, destaca-se a existência de duas guerras junto às fronteiras da Europa que têm contribuído para o aumento da pobreza em todos os países da Europa e também para o aumento das disparidades entre ricos e pobres. Esta situação contribuiu para o sentimento de insegurança e de insatisfação de muitos cidadãos europeus, que não encontraram nas políticas europeias uma resposta para as suas aspirações e em certos casos associam as dificuldades sentidas nos seus países com a chegada de muitos milhares de refugiados que fogem da fome e da guerra, buscando no espaço da União Europeia um futuro melhor.

As eleições europeias, que se realizam no próximo mês de junho, foram de igual modo um tema central na reunião. Olinda Marques referiu que se tem assistido, “um pouco por toda a Europa, ao descrédito de muitas instituições europeias, ao desinteresse pelo direito ao voto e à falta de confiança nos políticos que nos representam. Cresce o populismo e a extrema-direita em todos os países da Europa, pois os descontentes parecem encontrar eco das suas preocupações e respostas nestes partidos e nas suas propostas. Face a esta situação apela-se a todos os homens de boa vontade que não deixem de exercer o seu direito ao voto”. Reforçou-se também a importância da participação política dos cristãos comprometidos, unidos no combate à pobreza e em defesa dos mais vulneráveis. “As eleições europeias que se aproximam, são uma oportunidade para todos os cidadãos decidirem o seu destino e determinarem também que tipo de Europa e de país querem para o futuro”, salientou.

“O voto livre na Europa e em Portugal é um direito conquistado com muito esforço por várias gerações e deve exprimir o compromisso de cada um com o bem comum e com a dignidade de todo o ser humano. A abstenção ou o voto de protesto em quem defende políticas assentes em discriminação e divisão em nada contribui para uma sociedade e um futuro melhor. Todos na Europa e em Portugal somos responsáveis por expressar com o nosso voto os nossos valores. Que todas as eleições europeias e nacionais abram caminho a uma sociedade plural, de paz e justiça social. Apelou-se, por isso, que todas as organizações presentes deem o seu contributo no apelo ao voto consciente em todas as eleições nacionais e europeias", destacou Olinda Marques.

Este tipo de reuniões acontecem anualmente e contou ainda com a presença de outras entidades, tais como: Caritas Europa, a Comunidade Santo Egídio, o Movimento dos Foculares, o Serviço Jesuíta para os Refugiados, a Don Bosco Internacional, a Pax Christi, a FAFCE – Federação Europeia de Associações de Famílias Católicas, a Chapel of Europe – espaço ecuménico, a Ajuda à Igreja que Sofre, o JESC – Centro Europeu Jesuíta dos Assuntos Sociais,

Segundo a representante da LOC/MTC as entidades que estiveram presentes partilharam “as dificuldades que sentem todos os dias na área em que atuam, por exemplo a Cáritas Europa fez uma apresentação do nível de pobreza na Europa muito marcante. Cada uma das perspetivas dá-nos uma visão global da situação Europeia”