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João Pega
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Diária

Um dia na vida dos Idosos


sexta, 30 setembro 2022

No dia 1 de outubro comemora-se o Dia Internacional do Idoso, o Jornal da Mealhada conversou com um idoso de cada serviço da valência da Geriatria da Santa Casa da Misericórdia da Mealhada (SCMM). A SCMM tem ao dispor dos utentes três serviços diferentes: o serviço de estabelecimento residencial para pessoas idosas (lar), em que os idosos são residentes nas instalações, o Centro de Dia, onde os idosos vêm de manhã e vão para suas casas à hora de jantar e o Serviço de Apoio Domiciliário, em que os idosos recebem cuidados de higiene e refeições, em suas casas.

 

Maria de Lurdes Menezes, 77 anos, costureira, Mealhada, utente do Apoio Domiciliário

“Eu acordo sempre cedo, mas como não tenho grandes coisas para fazer, deixo-me estar mais um bocadinho na cama, agora ando mais mandriona. Acordo sempre sozinha, até para ir para algum lado, não preciso de despertador.

Tomo o pequeno-almoço, costumo comer uma sandes ou uma torrada e bebo café com leite. Hoje, no fim de tomar o pequeno-almoço, fui dar uma volta a pé, fui comprar pão e fui levar umas pilhas para a reciclar, dei uma voltinha grande, andavam muitas crianças na rua. Há dois dias que não vou, mas às vezes vou tomar café com uma amiga, ficamos as duas à conversa.

Cheguei a casa antes da hora de almoço, ainda o lar da Santa Casa da Misericórdia da Mealhada não me tinha trazido a refeição, ainda era cedo. Almocei acompanhada pela minha filha. No final do almoço costumo entreter-me com a televisão e a costurar com lã. No final do dia, é habitual arrumar a sala e a cozinha, enquanto aguardo pelo jantar, que me trazem ainda quente.

Ao fim de semana, sou eu que cozinho. As pessoas que me trazem o almoço e o jantar fazem-me companhia. Às vezes vou passear com a minha filha ao parque da cidade, vamos conversar e tomar um café.  Do lar tenho vários apoios, recebo as refeições, higiene pessoal e habitacional.”

 

Aida Morgado Semedo, 82 anos, empregada de mesa, Luso, utente do Centro de Dia

 

“Sou utente do lar há um ano. Gosto de tudo, das minhas companheiras, das pessoas que me ajudam e das instalações. As auxiliares são muito atenciosas, são uns amores, todas muito queridas.

O meu dia começa antes das 9 horas da manhã, venho a pé para o lar, onde passo o dia todo. Entretenho-me a fazer os trabalhos, ginástica, passear, tenho de estar sempre ocupada a ler ou a pintar. A Lara, que é animadora do lar, deixa-me trabalhos para fazer no fim-de-semana, para eu estar sempre distraída. O lar tem muitas atividades, hoje tivemos terço, costumamos ter missa, vamos dar uns passeios e vamos à biblioteca. Como as atividades são muitas, nunca nos cansamos daqui estar.

Gosto tanto daqui estar, que até arranjei uma neta de coração, a Dra. Daniela, ela começou-me a chamar avó, e agora é minha neta.

Faço no lar todas as refeições, o pequeno-almoço, almoço, lanches e o jantar, no final de jantar vou para casa. Eu gostava de ficar aqui efetiva, mas enquanto consigo caminhar, vou e venho, quando não conseguir, os meus filhos vão-me ajudar, para ficar cá a viver.”

 

Maria da Cruz Fernandes, 78 anos, Ventosa do Bairro, utente do Lar

 

“Vim para o Lar quando o meu marido faleceu. Tive uma vida muito feliz, eu e o meu marido trabalhávamos juntos, tínhamos um negócio, sentia-me muito bem, estivemos juntos 50 anos.

De manhã, às vezes acordam-me, outras vezes acordo sozinha, depende da noite que passar. O meu pequeno-almoço é sempre leite com café e uma sandes, desde que haja comida fico contente, não sou muito esquisita. Entre o pequeno-almoço e a hora do almoço costumo ‘dar à língua’, fico sentada à conversa, é raro jogar jogos, à exceção do Quino, jogo muito. Sempre que pedem para participar nas atividades, participo.

Assim que termino de jantar, costumo começar a preparar-me para me deitar, hei de fazer mais o quê?

O lar é a minha família, é assim que eu penso. Os meus filhos estão longe, é no lar, com os meus companheiros, que eu passo o meu dia.”